quarta-feira, 23 de maio de 2018
ao que disse sim
ao que disse não
tudo isso me dói
ou me deixa feliz
e não sei o porquê
e não sei o porquê
se fui e voltei
se resisti e fiquei
foi por que quis
ou não sei o que fiz
e nada me diz
e nada me diz
se hesitei e fugi
se decidi e lutei
alguém se alegrou
ou alguém se feriu
e não posso saber
e não posso saber
se digo tudo a você
e você tudo fala pra mim
até pode ser
até pode ser
que eu possa aceitar
mesmo sem compreender
minha mãe me amou perdidamente
tão perdidamente
que se perdeu
encontrei outras mães
mães que fizeram
de mim aquilo que sou
não abracei minha mãe
e nunca pensei
em escrever-lhe um poema
minha mãe que tanto me amou
minha mãe que não sei
se ainda pode entender
que o que deixei de fazer
acho que foi
não por que quis
no outro lado do mundo
um monjolo persiste
batendo rangendo
rangendo batendo
indiferente ao protesto
intermitente das angolinhas
tô fraco tô fraco
tô fraco tô fraco
no outro lado do mundo
antigos meninos
deitados na relva
quase despertos
quase dormindo
ouvem calados
aquela cantiga
monjolo angolinha
monjolo monjolo
angolinha monjolo
monjolo
sábado, 19 de maio de 2018
era de se esperar
que eu lá estivesse
bem como você
e todos os outros
lembro-me de que alguém perguntou:
- como vamos fazer quando o sol se puser?
mas ali
aquilo não preocupava ninguém
e justamente por isso
foi que jamais me esqueci
de que alguém perguntou
sobre o que se haverá de fazer
quando o sol se puser
procuro um lugar
hei de ir
assim que souber
como encontrar
pensei no mar
pensei em voar
pensei em voltar
por onde vim
apareci por aqui
resolvi esperar
consenti em ficar
mas dei por mim
querendo partir
vou para lá
lá descobrir
o que de mim se perdeu
desde quando nasci
o que não sei o que é
o que não sei onde está
quarta-feira, 16 de maio de 2018
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