sábado, 5 de agosto de 2017











que muitas coisas dêem errado
que não nos firam de morte
nem com atroz sofrimento
mas que nos atrapalhem o suficiente
para que sejamos humildes de verdade
e não penitentes de aparência
que muitas coisas nos contrariem
para nos convencermos
que embora façamos da melhor maneira
não controlamos nada que pensamos
estar sob nosso domínio
que muitas coisas nos incomodem
para percebermos 
que absolutamente não somos senhores
e muito daquilo que consideramos que temos
mais nos consome do que nos alegra
que muitas coisas nos desiludam
para que o brilho da futilidade
não ofusque aquilo que importa
e o consolo para quem bate à nossa porta
seja o alimento que nos fortaleça
que muitas coisas nos impeçam
para que a justiça se imponha
perante o nosso egoísmo
e não sejamos a causa
do ódio que desperta no outro
que muitas coisas nos protejam
dos desatinos da nossa vontade
que sejam o avesso dos nossos desejos
para que o infinito se nos apresente
e não fiquemos restritos aos nossos limites

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