Minha fé consiste na devoção que confesso
creio naquele que fala
quando pressinto que sua fala é amiga
creio naquele que escreve
se a verdade das suas palavras me atinge indelevelmente
creio em quem convive comigo na casa onde moro
creio na finitude de tudo
e no infinito onde nada começa, onde nada termina
creio no abraço de quem me abraça afetuosamente
creio nos bichos quando me olham
creio na falta daqueles que foram embora
creio que haja um propósito
mas ignoro qual ele seja
creio que a felicidade é utópica
e nela resvalo se alegro aqueles que amo
creio que a vida se foi explicada
não foi compreendida
creio que penso nada de novo
creio no claro se o escuro me assusta
creio no escuro se vejo estrelas distantes
creio na água como a dádiva mais expressiva
creio nas lágrimas do sorriso sincero
creio na fraternidade da mesa em que todos se sentam
creio naqueles que morrem lutando
creio na luta de quem rejeita o sofrimento do outro
creio em quem cuida daquele que exige cuidados
creio na semente que espera o tempo da terra molhada
creio nos caminhos escolhidos
e nas escolhas feitas por eles
creio no eterno pela eternidade daquilo que não se demora
creio que vim sem saber quem eu era
creio que vim sem saber onde estava
creio que agora sei menos ainda
creio que volto
mas desconheço qual o destino
Nenhum comentário:
Postar um comentário