sábado, 22 de abril de 2017









Não sei, não sei

não penso em nada disto
menos ainda imagino
pouco me importa o que seja

Desconheço os legados
não leio, não reflito, não opino
sou um homem medíocre
trabalho, alimento, sobrevivo

Desprezo os conceitos
metafísicos, científicos, doutrinários
bastam-me os sentidos
o que percebo é suficiente

Jamais questiono ou blasfemo
reconheço o mundo à sua maneira
aceito tal qual se apresenta
natural, imperfeito, transformado

Existo e me mantenho
não planejo minha vida
não faço economias
pergunto para necessárias respostas

Não aposto nenhum centavo
em Deus ou o que seja
eu mesmo me protejo
eu mesmo me salvo

Não vivo isolado
não fujo aos contatos
aprecio ao meu lado
quem me olha e me enxerga

Se há pássaros feridos
eu os acolho e cuido
se há frutos maduros
eu os disponho na mesa

Deploro as dúvidas
não me comovem incertezas
tudo decorre dos atos
do sol que surge e se esconde

Não me competem os segredos
não me fascinam os mistérios
serei o ser derradeiro
a pretender desvendá-los

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